Já faz um tempo, escrevi artigo sobre as ten-wheeler modernas, irmãs das locomotivas objeto do presente artigo. Por serem as mais elogiadas e versáteis locomotivas da "bitolinha", escolhi as 4-6-0 de 1911-12, Classe 10-18D, para o primeiro artigo.
O que ainda não contei é que essas 4-6-0 são resultado do projeto de 1908 para as duas primeiras 4-4-0 da Classe 08-18C da Oeste de Minas. Como verdadeiros sucessos de projeto, esse grupo de locomotivas (08-18C e 10-18D) poderia ser considerado o verdadeiro "arquétipo" de locomotivas americanas feitas para bitolas abaixo de 3 pés (0,91m).
Depois de ser arrematada pela União em hasta pública em 1903, a primeira encomenda para a frota de locomotivas da E. F. Oeste de Minas para a bitola de 0,76m foi em 1908. Essa encomenda foi de apenas duas locomotivas do tipo American, de oito rodas conjugadas, sendo quatro para o truque de rodas guia na dianteira e quatro para o conjunto motriz (ooOO), sem truque de arrasto. As novas máquinas deveriam ser equipadas com caldeira de maior proporção do que o tipo encontrado nas clássicas American Standard do século XIX. Isso gerou um novo modelo para a Oeste de Minas que mostrou-se o mais próximo do ideal para atender ao seu tipo de linha para maior eficiência na produção de vapor e de inscrição em curvas, devido à caldeira de maiores dimensões, porém, com a distância entre-eixos mais tímida. Como prova das qualidades do modelo, elas foram as unidades que "sobreviveram" em sua totalidade. Pode não parecer um argumento muito válido já que tivemos apenas cinco na frota, mas não custa lembrar que houve uma série de também cinco locomotivas 4-6-0 (1913 e 1919), com projeto diverso, que veio depois delas e que não deixou qualquer vestígio além de fotografias.
As 4-4-0 sobreviventes da Oeste serviram de modelo para a Bachmann (fabricante de brinquedos ferroviários para adultos - também chamados de ferreomodelos) para a fabricação do modelo outside-frame em escala On30. Apesar de algumas discrepâncias e infidelidades de detalhes como as válvulas planas dos cilindros, a cabine com curvaturas desobedientes, entre outros, ficou bastante simpática.
1908
Pela falta de locomotivas na ainda nascente linha em bitola métrica, no início do século XX, da Oeste de Minas, a qual possuía o nome de concessão "E. F. Barra Mansa a Catalão", as locomotivas originais com as matrículas 21 e 22 foram rebitoladas (convertidas) de 0,76m para 1,00m. Para suprir a lacuna por elas deixada na frota da "bitolinha", as duas unidades encomendadas em 1908 receberam tais números. Junto a isto, ocorreu também a estréia de um novo padrão de pintura, com a introdução do verde marfim (ivy green) em substituição ao verde oliva (olive green) antes praticado, mais o fundo preto na parte externa aos frisos dourado e vermelho, somado à criação do monograma OM para substituir o E.F.O.M. ou E. F. OESTE DE MINAS que vinham nas locomotivas anteriores.
1912
Junto com a encomenda de quatro 4-6-0 (10-18D), a Oeste encomendou mais três 4-4-0 (8-18C).
1908
Pela falta de locomotivas na ainda nascente linha em bitola métrica, no início do século XX, da Oeste de Minas, a qual possuía o nome de concessão "E. F. Barra Mansa a Catalão", as locomotivas originais com as matrículas 21 e 22 foram rebitoladas (convertidas) de 0,76m para 1,00m. Para suprir a lacuna por elas deixada na frota da "bitolinha", as duas unidades encomendadas em 1908 receberam tais números. Junto a isto, ocorreu também a estréia de um novo padrão de pintura, com a introdução do verde marfim (ivy green) em substituição ao verde oliva (olive green) antes praticado, mais o fundo preto na parte externa aos frisos dourado e vermelho, somado à criação do monograma OM para substituir o E.F.O.M. ou E. F. OESTE DE MINAS que vinham nas locomotivas anteriores.
Especificações para as locomotivas Classe 08-18 C de 1908, originais EFOM de 21 e 22, atuais 18[1] (desaparecida) e RFFSA/IPHAN 22[2]. Fonte: Railways and Railroads: Photographs, Manuscripts and Imprints. Baldwin Locomotive Works, Engine Specifications, 1869-1938. DeGolyer Library, Southern Methodist University. Dallas, Texas.
Ficha 21
Fabricante: The Baldwin Locomotive Works
Nº de série: 32877
Fabricante: The Baldwin Locomotive Works
Nº de série: 32877
Classe BLW: 8-18C 94
Classificação White: 4-4-0 American Std.
Longerão: outside-frame (externo às rodas, com contra-balanços)
Bitola: 2' 6" (762 mm ≅ 76 cm)
Longerão: outside-frame (externo às rodas, com contra-balanços)
Bitola: 2' 6" (762 mm ≅ 76 cm)
Primeiro nº: 21
Segundo nº: 18
Locomotiva EFOM 21 na plataforma da Estação de São João del-Rei, década de 1910. Acervo NEOM-ABPF.
Na rotunda de São João já como RMV-Oeste 18, c. 1935. Acervo NEOM-ABPF.
Em 197? o fotógrafo Guido Motta fotografou juntas as VFCO 18 e 19 (essa 19 da foto é a atual 22, que faz o trem turístico entre São João e Tiradentes - atualmente com o steam conductor furado).
VFCO 18 em desvio morto, São João del-Rei, 1974. Foto: NEOM-ABPF.
Ficha 22
Fabricante: The Baldwin Locomotive Works
Nº de série: 32878
Fabricante: The Baldwin Locomotive Works
Nº de série: 32878
Classe BLW: 8-18C 95
Classificação White: 4-4-0 American
Longerão: outside-frame (externo às rodas, com contra-balanços)
Bitola: 2' 6" (762 mm ≅ 76 cm)
Longerão: outside-frame (externo às rodas, com contra-balanços)
Bitola: 2' 6" (762 mm ≅ 76 cm)
Primeiro nº: 22
Segundo nº: 19
Terceiro (atual) nº: 22
RMV-Oeste 19, Ribeirão Vermelho, 1935. Acervo NEOM-ABPF.
Vazamento em gaxeta? Nem pensar! Em algum lugar na década de 1930. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Em 1977 a ex-VFCO 19 na vala da oficina de locomotivas de São João del-Rei. Foto: Cid José Beraldo.
No período final de atividade da "bitolinha" até as 4-4-0 faziam trens de cimento. Barroso, 1981. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Em 1986 a RFFSA/SR-2 22 (ex-VFCO 19) foi para o museu ferroviário para ser exposta na rotunda. Foto: Flávio F. Lage.
1912
Junto com a encomenda de quatro 4-6-0 (10-18D), a Oeste encomendou mais três 4-4-0 (8-18C).
Especificações para as locomotivas Classe 08-18 C de 1912, originais EFOM de 46, 47 e 48, atuais RFFSA/IPHAN 20 e 21 e 19[2]. Fonte: Railways and Railroads: Photographs, Manuscripts and Imprints. Baldwin Locomotive Works, Engine Specifications, 1869-1938. DeGolyer Library, Southern Methodist University. Dallas, Texas.
Ficha 46
Fabricante: The Baldwin Locomotive Works
Nº de série: 38007
Nº de série: 38007
Classe BLW: 8-18C 100
Classificação White: 4-4-0 American
Classificação White: 4-4-0 American
Longerão: outside-frame (externo às rodas, com contra-balanços)
Bitola: 2' 6" (762 nn ≅ 76 cm)
Bitola: 2' 6" (762 nn ≅ 76 cm)
Primeiro nº: 46
Segundo nº: 20
Segundo nº: 20
Locomotiva RMV 20 (EFOM 46, RMV-Oeste 20) ao lado do prédio da Iluminação, no Complexo Ferroviário de São João del-Rei, década de 1940. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Em Barbacena, 1954. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Em Lavras, em boas condições de uso, mas utilizada como "anão de jardim" na área das oficinas. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Antes de ir para a Sede da SR-2, passou pelo "salão de beleza" do Horto Florestal, Belo Horizonte. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Já como "anão de jardim" no prédio da SR-2, Belo Horizonte. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
Ficha 47
Fabricante: The Baldwin Locomotive Works
Nº de série: 38008
Classe BLW: 8-18C 101
Classificação White: 4-4-0 American
Classificação White: 4-4-0 American
Longerão: outside-frame (externo às rodas, com contra-balanços)
Bitola: 2' 6" (762 mm ≅ 76 cm)
Bitola: 2' 6" (762 mm ≅ 76 cm)
Primeiro nº: 47
Segundo nº: 21
Segundo nº: 21
RMV 21 em Antônio Carlos, 1964. A foto foi cedida pelo Sr. Benito Mussolini Grassi, o terceiro da esquerda para a direita.
Em 1965 a RMV 21 foi convertida em VFCO 21, após a fusão da RMV com a E. F. Goiás mais a E. F. Bahia a Minas, e encontrava-se no depósito de São João del-Rei. Foto: Acervo NEOM-ABPF.
VFCO 21 já como manobreira na década de 1970 no triângulo de São João del-Rei. Foto: Acervo NEOM-ABPF
Em 1982, já como RFFSA SR-2 21, no triângulo de Congo Fino. Acervo: NEOM-ABPF.
RFFSA SR-2 21 em Antônio Carlos, período de comemoração do centenário da E. F. Oeste de Minas. Foto: Fábio Dardes (Acervo Thomas Correa)
Ficha 48
Fabricante: The Baldwin Locomotive Works
Nº de série: 38009
Classe BLW: 8-18C 102
Classificação White: 4-4-0 American
Classificação White: 4-4-0 American
Longerão: outside-frame (externo às rodas, com contra-balanços)
Bitola: 2' 6" (762 mm ≅ 76 cm)
Bitola: 2' 6" (762 mm ≅ 76 cm)
Primeiro nº: 48
Segundo nº: 22
Segundo nº: 22
Terceiro (atual) nº: 19
VFCO 22 no abastecimento de óleo combustível, São João del-Rei, c.1970. Foto: Charles Small (via Marcelo Lordeiro).
VFCO 22 em atividade de manobra no pátio leste do Complexo Ferroviário de São João del-Rei, c. 1970. Foto: Guido Motta.
VFCO 22 já vestida de 19 para ir embora para o Paraná, sobre o girador (turntable) da rotunda (roundhouse) de São João del-Rei. Foto: Benito Mussolini Grassi.
Uma locomotiva em perfeitas condições operacionais, de São João del-Rei, MG, é vendida a preço de banana e vai parar numa praça em Curitiba, PR, a 1000km de distância.
Depois de muitos anos no Parque Birigui, a VFCO 22 (fantasiada de 19) foi levada para o Shopping Estação, também em Curitiba. Foto: Jairo Barreiros.
[1] A locomotiva VFCO 18 foi vendida, teoricamente, junto com a 19 para José de Vasconcelos, para o parque Vasconcelândia por volta de 1974. Ninguém sabe onde foi parar, se é que ainda existe.
[2] As locomotivas 19 e 22 tiveram suas identidades trocadas em 1974 para que a 19 quando da venda pela RFFSA da VFCO 22 no lugar da 19. Coincidentemente, a VFCO 19, que originalmente era a EFOM 22 de 1908, voltou a ter seu número original.
2 comentários:
Espetacular Welber!Já que você colocou uma foto do triângulo de Congo Fino,tenho que te perguntar algo.Conversando com várias pessoas mais velhas fiquei sabendo que de Congo Fino partia um ramal até o "minério"(entre São Tiago e Conceição da Barra),tenho um tio que tem uma fazenda lá perto,esse ramal me deixou curioso por ser bem semelhante ao de Penedo pois em Congo Fino tinha uma ponte ferroviária atravessando o Rio das Mortes e nós sabemos que de Antônio Carlos até a Ponte do Inferno a linha só segue do lado de cá do rio,então pra que a ponte?
Você já ouviu alguma coisa sobre esse suposto ramal?
ola... sou arquiteta e estou trabaqlhando na restauração de uma das estações da EFOM, porém sofro com a falta de imagens de época da mesma. Gostaria de saber se você possui imagens antigas da Estação Ferroviária de São Vicente de Minas. Abraço. Bárbara. barbara.arq@hotmail.com
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