"... a ABPF apela à SPHAN para que esta atue no sentido de sustar o 'processo destruidor' por qual passaria a referida ferrovia, garantindo 'aos órgãos, entidades e pessoas interessadas' a conservação da EFOM."[1]
A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, a mais ativa e legítima entidade de preservação de bens ferroviários que conheço no Brasil, possui raízes profundas no tema referente ao patrimônio remanescente da E. F. Oeste de Minas.
A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, a mais ativa e legítima entidade de preservação de bens ferroviários que conheço no Brasil, possui raízes profundas no tema referente ao patrimônio remanescente da E. F. Oeste de Minas.
Fundada em 1977 pelo francês radicado no Brasil, Patrick Dollinger, a associação teve como um de seus primeiros e maiores desafios convencer a Rede Ferroviária Federal S.A. de que os 200km de via em bitola de 762,00mm (0,76m ou 2 pés e 6 polegadas) deviam ser conservados como simbolo de excepcionalidade da ferrovia no Brasil. Suas características peculiares dentro do universo da própria RFFSA já bastariam para cativar os olhares da direção da estatal dos trilhos.
Para seguir preceitos entendidos como os mais justos e indicados para a preservação de um bem em grande risco de extinção, nada mais indicado do que recorrer ao Ministério da Cultura, ao qual estava subordinada a Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para que, desta maneira, se procedesse ao tombamento de bem tão singular para que forçasse o Ministério dos Transportes a manter sua existência.
Hoje nos vemos em período absolutamente fértil no que tange à "boa vontade" para a preservação ferroviária. A busca por trechos e material rodante abandonados é uma febre por todo o território nacional. Dessa maneira, não é difícil afirmar que, se lançarmos um olhar retrospectivo, o ponto de vista de que houve má vontade do poder público para com os planos da ABPF pode ganhar um estrondoso coro no referente à preservação da malha original da E. F. Oeste de Minas.
Mesmo que tenha havido uma conquista parcial, já que o Processo nº 1.185-T-85 levou ao tombamento nacional do Complexo Ferroviário de São João del-Rei e Tiradentes com seus 12km de linha, essa minúscula vitória mostra-se apenas como um pequeno assopro depois de violenta mordida desferida pela negativa em se tombar toda a ferrovia, por sinal, ainda com 200km em 1983, ano da entrada do pedido realizado pela ABPF.
Quando o Sr. Patrick Dollinger encaminhou tal pedido à SPHAN, o que era apenas uma das muitas frentes de batalha em que atuou para salvar tal estrada de ferro e seu acervo, mostrava-se antenado no que ocorria em outros cantos do mundo neste sentido.
Na Inglaterra, por exemplo, inciciativas como esta já haviam salvado da dilapidação e destruição ferrovias como a Settle & Carlisle Railway e seu conjunto de estações, paradas, pontes e viadutos; a Midland Railway com sua via repleta de monumentos como casas de sinalização, viadutos, estações, paradas e toda sorte de obras d'arte. Isso, sem contar com as políticas de preservação de bens ainda presentes em trechos de tráfego contemporâneo na super ativa ferrovia britânica em que os prédios ganham conservação com papel sócio-cultural ativo, como é o caso de estações da Great Western Railway, listada pelo ICOMOS/UNESCO como patrimônio mundial (world heritage).
Não seria forçoso dizer que a preservação do remanescente da E. F. Oeste de Minas é um dos pilares da existência da ABPF, constatação fácil de se alcançar tendo em mãos os processos de tombamento nºs 1.096-T-83 (1983) e 1.185-T-85 (1985) da SPHAN (atual IPHAN) e os papéis timbrados da Regional I - Oeste de Minas, provas dos abortos cometidos pelos poderes públicos federal e municipal em toda a década de 1980 contra tal patrimônio ao negar, primeiro, a preservação de toda a ferrovia (1984) e, depois, a entrega da salvaguarda do Complexo Ferroviário de São João del-Rei e Tiradentes e sua operação à ABPF (1988), indo na contra-mão do resto do planeta no referente à preservação ferroviária (railway heritage).
[1] MALDOS, Roberto. Trecho da informação nº104/86, parte do Processo nº 1.185-T-85, IPHAN. Rio de Janeiro, Ministério da Cultura, 16/06/1986.
Mesmo que tenha havido uma conquista parcial, já que o Processo nº 1.185-T-85 levou ao tombamento nacional do Complexo Ferroviário de São João del-Rei e Tiradentes com seus 12km de linha, essa minúscula vitória mostra-se apenas como um pequeno assopro depois de violenta mordida desferida pela negativa em se tombar toda a ferrovia, por sinal, ainda com 200km em 1983, ano da entrada do pedido realizado pela ABPF.
Quando o Sr. Patrick Dollinger encaminhou tal pedido à SPHAN, o que era apenas uma das muitas frentes de batalha em que atuou para salvar tal estrada de ferro e seu acervo, mostrava-se antenado no que ocorria em outros cantos do mundo neste sentido.
Na Inglaterra, por exemplo, inciciativas como esta já haviam salvado da dilapidação e destruição ferrovias como a Settle & Carlisle Railway e seu conjunto de estações, paradas, pontes e viadutos; a Midland Railway com sua via repleta de monumentos como casas de sinalização, viadutos, estações, paradas e toda sorte de obras d'arte. Isso, sem contar com as políticas de preservação de bens ainda presentes em trechos de tráfego contemporâneo na super ativa ferrovia britânica em que os prédios ganham conservação com papel sócio-cultural ativo, como é o caso de estações da Great Western Railway, listada pelo ICOMOS/UNESCO como patrimônio mundial (world heritage).
Não seria forçoso dizer que a preservação do remanescente da E. F. Oeste de Minas é um dos pilares da existência da ABPF, constatação fácil de se alcançar tendo em mãos os processos de tombamento nºs 1.096-T-83 (1983) e 1.185-T-85 (1985) da SPHAN (atual IPHAN) e os papéis timbrados da Regional I - Oeste de Minas, provas dos abortos cometidos pelos poderes públicos federal e municipal em toda a década de 1980 contra tal patrimônio ao negar, primeiro, a preservação de toda a ferrovia (1984) e, depois, a entrega da salvaguarda do Complexo Ferroviário de São João del-Rei e Tiradentes e sua operação à ABPF (1988), indo na contra-mão do resto do planeta no referente à preservação ferroviária (railway heritage).
[1] MALDOS, Roberto. Trecho da informação nº104/86, parte do Processo nº 1.185-T-85, IPHAN. Rio de Janeiro, Ministério da Cultura, 16/06/1986.
2 comentários:
Olá, muito legal teu blog, também sou Historiadora do Sul, e Trabalho num Museu que fica no P´redio da antiga estação da cidade, adoro trens poderiamos trocar experiências sobre ferrovias. deixo meu e-mail j.khryscan@gmail.com
Já listei teu e-mail, Juliana, entre meus contatos. Será um prazer manter o compartilhamento de informações, idéias e afins.
Abraços e obrigado!
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