quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Um “salve” para o fotógrafo Herbert Graf

Depois que achávamos que as minas de ouro haviam se exaurido, eis que surge o trabalho do fotógrafo alemão suíço Herbert Graf, que nos sauda com ilustre trabalho sobre o período de transição, dentro da Rede Ferroviária Federal, da Viação Férrea Centro-Oeste para a Superintendência Regional 2 (SR-2) na parte visual da ferrovia. A informação do site em que meu amigo Jonas encontrou as fotos é de que o “book” foi realizado em 1979.
As fontes pintadas em aluminac (quase branco), em tipo “helvética”, herdadas do período da Rede Mineira de Viação, cedem lugar à fonte tipo “times” no amarelo característico da RFFSA.
Porém, mais do que retratar a mudança estética recém implantada, essa é uma oportunidade de vislumbrar os últimos suspiros da plena atividade de uma ferrovia que completaria em 1980 seus cem anos de atividade ininterrupta, sem mudanças tecnológicas expressivas, sem receber investimentos que ultrapassasem o mínimo necessário para a manutenção do velho material de finais do século XIX e início do XX. E há quem diga que, ironicamente, e proporcionalmente, um dos poucos trechos a experimentar saldos positivos nas contas de todo o sistema federal de estradas de ferro.
Então, respeitável público, vamos às fotografias do grande candidato ao troféu Trilhos do Oeste:


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Pátio de São João del-Rei com fileira de boxes e a RFFSA 37 no primeiro plano.

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No depósito de São João, os visitantes conversam com meu amigo Benito Mussolini Grassi, aquele da calça xadrez (pergunta ao Benito: a Rede permitia essas roupas ridículas no almoxarifado?) enquanto a água vai embora em cima da RFFSA 37.

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O depósito de São João do jeito que a gente gosta e gostaria que ainda fosse. No primeiro plano a RFFSA 38.

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Aqui, uma cena rara em fotografias, a RFFSA 41 saindo com um trem misto (carga e passageiros) em direção a Aureliano Mourão. Para os meus amigos não ferreomalucos que nasceram nos anos 80 e 90 e acham que eu sou louco quando digo que a Av. Leite de Castro nasceu na linha da Oeste.

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Na revitalização do complexo ferroviário em 1986, muitas linhas foram subtraídas da planta do pátio, como aqui onde se encontra o carro ao lado da RFFSA 55, entre o armazém e o almoxarifado.

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Achamos a cabine da falecida VFCO 39, da qual falamos aqui. Para os que vêem a RFFSA 62 enferrujando na rotunda trancada, nada mal vê-la em plena atividade tão recentemente.

RFFSA_62_G12_2844_schmalspurdampf-332696
Entre o Posto PBA e a Estação de Aureliano Mourão as duas bitolas da Oeste de Minas se encontravam até os anos 80. Difícil era encontrar fotografias disso. Será que houve um pega entre a EMD G8 2844 e a BLW Consolidation 62?

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Ao lado da composição do trem misto que viaja para o sertão, o Rio das Mortes que propiciou o acentamento dos trilhos em seu vale.


E não é difícil lembrar sempre das canções e dos poemas que se inspiraram na estrada de ferro, presente no imaginário de todo povo que só tem mesmo do trem, a memória.

4 comentários:

Unknown disse...

Minha Nossa Senhora eu quase tive um piripaque quando vi essas fotos,eu nunca tinha visto uma foto da baldeação no PBA,nunca tinha vista daquele ângulo a saída para a Leite de Castro,muito lindo o Cristo Redentor lá no alto sem aquelas antenas feiosas ao redor e por último nunca tinha visto uma calça tão ridícula quanto a do Benito (se tivesse uma camisa estampada ficaria igual ao Agostinho Carrara),vou levar essa foto no próximo encontro na ACI pra mostrar pra ele.Valeu!

João disse...

parabéns ao idealizador desse blog, ele realmente resgata uma história recente que os brasileiros tanto quiseram esquecer e nada contribuirão pra impedir a erradicação em meados de 80... acredito q se houvesse pessoas como vc, eu e outros tantos em 1983/84 a erradicação seria so um mito.. OBS: a calça do Sr. Benito é legal.. kkk

braca.affonso disse...

Somente hoje tomei conhecimento do Blog. Felicito os coordenadores. Meu genitor chefiou as oficinas da RMV na década de 60. Triste ver o estado em que se encontram os acervos da EFOM/RMV. Foram abandonados e saqueados. O que lamento.

Welber disse...

Mais do que as perdas dos anos 80, temos as perdas recentes do material protegido, Affonso. Abraços.