Em algum tópico mais antigo citei brevemente as três locomotivas construídas pela American Locomotive Company (ALCo) que a Oeste encomendou para a “bitolinha” em 1913. É provável que tenha sido pela impossibilidade de atendimento da Baldwin Locomotive Works (BLW).
Quebrando a hegemonia da BLW em sua frota, em 1913 a Oeste encomendou três locomotivas do tipo Consolidation para a bitola de 0,76m à ALCo, que as construiu nas oficinas da Cooke Locomotive & Machine Works (ALCo-Cookie), em Paterson, NJ. Creio que na mesma leva vieram também unidades para as linhas em bitola métrica.
Pelo design diferenciado das três máquinas, com a caldeira em posição mais alta, e com diâmetro mais tímido, logo ganharam o apelido de “carabina”. A numeração original das três foi 52, 53 e 54. Quando da renumeração que a Oeste de Minas realizou utilizando o critério da rodagem, e as 2-8-0 caíram na série 200, as três receberam os números 200, 201 e 202, o que pode ter relação direta com o menor esforço de tração das três em relação às outras 2-8-0, ou simplesmente o critério era pelo tipo de máquina e fabricante, não é possível ter certeza.
Pelo menos dois dados nos fazem desconfiar do critério de numerãção de acordo com o tipo/força:
1- quando da segunda renumeração, as últimas 2-8-0 (217 a 221) sofreram mudança na ordem. A série de 200 a 221 foi renumerada como série de 50 a 71. A 217 foi renumerada como 69, a 218 como 70, a 219 como 71, a 220 como 67 e a 221 como 68. O depoimento dos maquinistas sobre o desempenho trativo das unidades revela que as locomotivas 69, 70 e 71 realmente eram mais poderosas do que as de números mais baixos;
2- Os mesmos maquinistas, entre eles meus tios João Donato, Joaquim Semeão e Sebastião Florêncio, reclamam da ineficiência das 50, 51 e 52, as tais “carabinas”. Não a-toa foram sucateadas sem grande alarde. Ninguém reclamou.
Fotografias de fábrica da Carabina EFOM 52 (RMV-Oeste 200, RMV 50), 1913. Fotos: ALCo Historic Photos.
Carabina RMV 51 (EFOM 53, RMV-Oeste 201) em Barroso, década de 1940. Percebe-se a placa retangular na lateral da caixa de fumaça, característica ALCo (as BLW eram redondas), além da caldeira alta e estreita. Foto: Charles Small (via Antônio Augusto Gorni).
Carabina RMV 52 (EFOM 54, RMV-Oeste 202) em Antônio Carlos (mais acima), rodeada de ferroviários de variados cargos, e em Divinópolis, pouco antes de ser sucateada. Eram tão ruins que terminaram a vida como manobreiras. Fotos: Acervo NEOM-ABPF.
Fotografias de fábrica da Carabina EFOM 52 (RMV-Oeste 200, RMV 50), 1913. Fotos: ALCo Historic Photos.
Carabina RMV 51 (EFOM 53, RMV-Oeste 201) em Barroso, década de 1940. Percebe-se a placa retangular na lateral da caixa de fumaça, característica ALCo (as BLW eram redondas), além da caldeira alta e estreita. Foto: Charles Small (via Antônio Augusto Gorni).
Das sessenta locomotivas para bitola de 0,76m, apenas essas três não eram BLW. Nenhuma foi preservada, as três foram vítimas do maçarico de corte ainda nas décadas de 50 e 60. Certamente seriam belas peças de museu, eram belas máquinas. Bonitinhas, mas ordinárias.
FICHA TÉCNICA
Tipo: Consolidation (2-8-0)
Bitola: 2 pés e 6 polegadas (0,76m)
Fabricante: American Locomotive Company – Cooke Works
Ano fabricação: 1913
Nºs de série fabricante: 54386, 54387 e 54388
Nºs originais: 52, 53 e 54 (E. F. Oeste de Minas)
Primeira renumeração: 200, 201 e 202 (E. F. Oeste de Minas e RMV-Oeste)
Segunda e última renumeração: 50, 51 e 52 (Rede Mineira de Viação)
Obs.: Nenhuma delas chegou a fase Viação Férrea Centro Oeste (VFCO)
2 comentários:
Puxa... nem para ''anão de jardim''?
Maçarico no período de erradicação da linha entre Bom Sucesso e Paraopeba.
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